quarta-feira, 4 de julho de 2018

Seu olhar e a nudez do meu corpo






Caso você olhe meu corpo nu com os olhos do mundo não encontrará nada de especial ou escultural.
Vai dimensioná-lo e classificá-lo por um parâmetro existente. Não me verá verdadeiramente.
 Serei mais um número na multidão de anônimos imperfeitos. Somente um corpo que ruma à morte desde o nascimento.
Mas se você olhar meu corpo com os olhos do coração vai enxergar a minha essência em cada parte e identificar o  meu desejo por você.
 Vai compreender a magia da expressão da alma em cada contorno e não existirão os critérios definidos. 
Serei exclusivamente sua e verá o divino transcendendo a mortalidade do corpo eternizadando um momento de amor.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Só de raiva vou comer uma banana!








Só de raiva vou comer uma banana!

Ela foi uma das inúmeras pessoas que trabalharam para minha mãe.  Vou chamá-la de Maria. Chegava cedo, lavava, passava e arrumava a casa, mas tinha uma fome que não dominava e tinha uma predileção por bananas.
Bananas fizeram parte da minha infância. Família grande e com muitas crianças para engordar e fazer crescer. Quando havia qualquer rejeição lá vinha meu pai cantando aquela musiquinha: 
"Yes, nós temos bananas
Bananas pra dar e vender
Banana menina
Tem vitamina
Banana engorda e faz crescer"
Aliás,  morei numa casa que no quintal tinha um pé de banana ouro. Quando frutificava era uma alegria. Eram bem pequenas. Comíamos sem tirar a casca apertando o conteúdo que saía direto do orifício para nossa boca e depois com sopro forte enchíamos as bananinhas que ficavam “quase” perfeitas, mas conseguíamos enganar algumas pessoas oferecendo as bananas de vento.
As bananas, de todo o tipo, viviam penduradas nas fruteiras da minha casa. Verdes, no ponto ou muito maduras marcavam presença de domingo a domingo. Lembro-me do barulho do liquidificador anunciando uma vitamina de banana com aveia ou o cheiro do pastel de banana com canela misturado com o café passado na hora  que era um convite para uma pausa dos estudos.Banana  amassada com farinha láctea, Torta de Banana com Suspiro para os dias especiais, Cuca de banana para o lanche da tarde ou Banana com Paçoca de Amendoim são lembranças que vem à tona quando vejo um belo cacho de bananas. Sem falar na famosa Banana Split que era consumida depois do cinema de domingo na lanchonete mais famosa da minha cidade. Eu amava o doce não pelas bananas, mas pelo capricho das frutas carameladas cobertas de sorvete e calda de chocolate.
Mas voltando a Maria. Para matar sua fome ou ansiedade estava sempre comendo uma banana. E tentava disfarçar sua compulsão embora isto não passasse despercebido nem mesmo para a mais distraída das crianças.
Um dia, minha mãe conversava com a família ao redor da mesa da copa. No centro da mesa uma estonteante fruteira com bananas protagonizando o arranjo das frutas torturava Maria que rondava a mesa a todo instante. A prosa ia de vento em popa quando de repente Maria ergueu a voz e não resistindo ao apelo de tão belas bananas disse enfática:
-Ai, só de raiva vou comer uma banana!
O riso foi contido na hora, mas a frase tornou-se um bordão para todos da família  diante de uma perplexidade, da uma demonstração de contrariedade e indignação ou para fazer uma brincadeira. 
Ah, só de raiva vou comer uma banana!

Não sei o que aconteceu com Maria. Qual fim levou como dizem. Talvez ela não goste mais de bananas ou quem sabe esteja nas redes sociais lendo este post e só de raiva comendo uma banana.




sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Não é o que se escreve e sim como se lê





Não existe um modo certo de escrever algo para que as pessoas compreendam aquilo que você quis dizer. Nem falo de imagens. Estas então nos fazem viajar em diversas dimensões. Outro dia vi publicada uma imagem nas redes sociais e total discrepância de interpretações. Esta mesma imagem "viralizou" na internet com afirmações incontestáveis em diversas convicções distintas. E o que dizer das palavras escritas? Estas também são capazes de criar diferentes interpretações do leitor. 
Lembro-me que meu pai costumava contar um tipo de anedota que ilustra bem o que digo. Sei  que  contar escrevendo talvez seja um pouco mais difícil  do que falando ,mas vou tentar:
Um filho que era mantido pelo pai para estudar em outra cidade ficou  sem dinheiro antes do final do mês e passou um telegrama ao pai pedindo auxílio. Nesta época não existiam Smartfones e as comunicações telefônicas eram complicadas pois nem todas as casas tinham telefone fixo e  este era o caso do rapaz que dividia a casa com outros estudantes. Os telegramas eram a maneira mais rápida de passar uma mensagem e é claro o preço era cobrado por número de palavras.
 O telegrama chegou para o pai que após ler  "Mande-me Dinheiro" economicamente escrito pelo filho reagiu agressivamente falando alto pra a mulher que esperava curiosa o teor da mensagem.
- Este menino está cada vez mais arrogante. Onde já se viu ordenar assim para um pai que sustenta seus estudos? MANDE-ME DINHEIRO! Que absurdo! Onde vamos parar com esta falta de respeito?
Ficou vermelho de raiva e as palavras de indignação foram saindo como se cuspisse fogo. Não podia suportar receber ordens assim de um menino ingrato.
A mulher até então calada observando o  marido interrompeu o rompante antes que ele passasse mal
- Mas ele deve estar precisando de dinheiro, Como acha que ele deveria escrever o telegrama?
Muito simples! Ele deveria escrever "pedindo". Aproximou-se da mulher e falou baixinho dando outra entonação: Mande-me Dinheiro.


Então é isso ... Ele leu a ordem arrogante e o correto seria ler o pedido humilde embora as palavras escritas fossem as mesmas





segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Pôr do Sol







Esta foi minha primeira publicação. Eu tinha 12 anos e foi uma alegria enorme ver minha crônica publicada no jornal da minha cidade.Hoje o recorte do jornal está amarelado  afinal já se passaram muitos anos. Então resolvi guardar aqui neste meu espaço virtual e compartilhar com vocês.


Pôr do Sol

Aproveitando na praia meu último dia de férias, um fato aparentemente sem importância chamou-me atenção: um velhinho solitário sentou-se num banco de frente pro mar. Pus-me a observá-lo com uma estranha curiosidade. Sua idade não consegui imaginar, porém na sua expressão serena, refletia lago raro, um sentimento de paz...
O velhinho mergulhado na natureza tinha a pele marcada pelo tempo, mas seus olhos eram vivos e brilhantes que até mesmo dispensavam palavras. Seu cabelo todo branco não negava a experiência e os lábios secos transmitiam uma energia armazenada ainda que pequena.
Nada o incomodava, permanecia apático a tudo e a todos à sua volta. Quando crianças passavam por ele seu rosto se enchia de ternura, mas continuava perdido na música do mar. Por um momento sua fisionomia escureceu, talvez pensasse nos homens acorrentados em seus preconceitos, nos homens máquinas e naqueles que tem um céu coberto de glórias, de guerras e de tédio. Depois percebeu que era livre e que estava muito alheio a tudo isso.
O dia começou a cerrar os olhos. As primeiras sombras traziam a melancolia do sol em declínio e o velhinho não se mexeu. Ninguém compreendia que não precisava gritar para falar e todos esbarravam nele sem o notar. Os que o amaram com certeza teriam pena, os que o odiaram proclamariam vitória e no meio de tanta gente não havia alguém que pudesse entender que o seu olhar buscava mais um pôr do sol e que seu coração ainda esperava o amor.


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A calça justa





Todos conhecem a expressão "saia justa" e sabemos que situações constrangedoras e excêntricas são possíveis, mas o que dizer de uma "calça justa"? Ela também faz história. Vejamos!
Família tradicional mineira, pai advogado, mãe dona de casa, seis filhos sendo cinco mulheres.  As compras da casa mais pareciam por atacado do que a varejo e a mãe apelava para a praticidade usando sua incomum criatividade, Não era surpresa no Natal o bom velhinho deixar para as meninas bonecas iguais compradas numa promoção de uma cooperativa, afinal Papai Noel não queria brigas entre as irmãs dizia a mãe tentando amenizar o desapontamento das filhas. Outras coisas como material escolar e roupas tinham alguma variação quanto a cor e tamanho , mas sempre da mesma marca e modelo. O corte de cabelo das meninas em estilo "Melindrosa" era também marca registrada da prole feminina, embora a mais velha um dia aos prantos quis pular do alto da ponte do rio que cortava a cidade quando voltava do salão.
Era comum também receber vendedores em casa, trazendo todo tipo de mercadoria: perfumes, bijuterias e roupas. E um deles trouxe da Itália o famoso jeans Fiorucci . As meninas já eram em sua maioria universitárias, com sonhos de consumo diferentes, mas ele conseguiu vender para a família diversos tamanhos do então lançamento da marca italiana.
- Mãe, só tinha este modelo?
- Que bobagem! Calça "jeans" é tudo igual ! Muita sorte encontrar para todas.
Como uma das meninas estudava na Universidade Santa Úrsula no Rio de Janeiro e a distância da cidade mineira não permitia idas e vindas diárias a solução foi alugar um quarto no internato do Colégio Sion que era controlado por freiras. O pai assim ficou mais tranquilo, pois a filha estaria protegida por mãos santas naquela cidade tão sedutora para o pecado. Porém a garota tinha um namorado típico carioca morador de Ipanema. O rapaz era surfista, sarado e transgressor embora filho de um militar criado na rígida disciplina. Tanta rigidez e vigilância não superaram ao fogo que nos traz ao mundo. Eles driblavam a todos e sabiam como fazer para fazer. Os dias assim foram passando. Durante a semana estudos e aventuras. Nos fim de semana família e paz. 
Nos fins de semana ela trazia a roupa suja para ser lavada em casa e voltava portando junto aos mimos de mineiros( doces e queijos) toda a roupa lavada, passada e perfumada, cheirando carinho de mãe, mas um dia levou a calça Fiorucci da irmã mais magrinha que embora fosse muito organizada não percebeu o engano e daí a confusão em torno da calça justa.
A garota estava com a menstruação atrasada e quando vestiu a calça jeans da irmã não teve dúvida:
Meu Deus! Estou grávida mesmo!
O próximo fim de semana em família foi marcado por uma reunião solene . Ela e o namorado comunicaram a todos o que tinha acontecido. Enquanto o pai se refazia do susto a mãe, sempre muito a frente, já contabilizava mentalmente o número de convidados para a festa do casamento, a roupa de todos e até o enxovalzinho do bebê.
O desfecho foi naturalmente o primeiro casamento daquela família, em grande estilo com cerimônia religiosa e festa, mas no meio de tantos arranjos e preparativos ninguém se preocupou em confirmar a gravidez, nem ao menos o teste de farmácia foi feito. Quando os exames pré-nupcial e pré-natal foram realizados simultaneamente quase as vésperas do matrimônio é que a verdade veio a tona. Ela não estava grávida. Era apenas um problema hormonal muito comum em mulheres jovens. Mas a esta altura, com tudo acertado e com o fato da perda da virgindade da filha do advogado assim exposto de boca em boca na pequena cidade a melhor solução foi dar continuidade ao evento. Ela se casou com muita pompa e alegria. Desta vez as filhas escolheram os vestidos e não foram damas com roupas iguais.
 E todos foram felizes para sempre?  Bom , isto já é outra história...



sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O valor do feminino









Lado Feminino X Lado Masculino


Não se trata das característica de homens e mulheres. Trata-se do lado feminino e masculino presente nos relacionamentos. É verdade que muitas atitudes do  lado feminino estão vinculados à mulher e do lado masculino ao homem, mas a minha observação é para a porção de razão e sensibilidade distribuídos em cada lado.
Em qualquer relacionamento, seja ele hétero, bi ou homosexual , há sempre um lado feminino e o outro masculino  em cada pessoa regendo determinadas atitudes.
Descobrir o que somos e como somos nos relacionamentos seria uma boa forma de evitar atritos e decepções. Vale lembrar que temos a tendência de repetir os comportamentos independentes das outras pessoas, ou seja, acabamos por atrair os mesmos tipos de relacionamentos para vivenciarmos o mesmo padrão.
O que é melhor,  ser feminino ou masculino?
Acho que nunca teremos a resposta ainda que tenhamos a real dimensão da porção feminina ou masculina que habita em nossa alma.



Escrevi este texto há um tempo atrás no meu antigo blog e recentemente  vi uma série de depoimentos produzida pela Molico onde homens e mulheres contam histórias mostrando que o feminino não é uma questão de gênero e sim de humanidade. Emocionante!








quinta-feira, 21 de julho de 2016

@frodite.com



@frodite.com



@frodite.com  fala da trajetória de uma mulher madura que encontra na internet a ponte para muitas experiências de vida.
Extraídas de um mundo virtual as histórias se tornam reais e transportam Lara, sua personagem central, para um mundo mágico, onde ela deixa aflorar o potencial da mitológica Deusa da beleza, do sexo e do amor.
@frodite.com retrata também as diversas formas de amor e suas fases, contrastando relatos de dor e de humor, de relacionamentos efêmeros e profundos.




"Eu bebia os fragmentos da vida com a sede dos desertos. Por isso tudo era tão intenso, irresistivelmente tocante. Eu podia ainda senti-lo nos meus braços, mas não estava mais a sua espera. Assim era meu destino. A volúpia de tudo num momento. A aridez do nada logo em seguida..." (@frodite.com)